segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O DIREITO À DIVERSIDADE

‘Que vai ser quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito? (..)’ (trecho de VERBO SER, de Carlos Drummond de Andrade, Boitempo, Poesia Completa, vol. único, Nova Aguilar, p. 1.015).

Lendo a frase acima, escrita por nosso querido Carlos Drummond de Andrade, lembrei de uma passagem muito interessante ocorrida em um ônibus urbano na cidade de São Paulo.

Estava eu voltando da Faculdade e na minha frente sentados um homem e um menino (que devia ter no máximo uns 4 anos), quando de repente ouço a seguinte frase, em alto e bom tom: “- Pai, quando eu crescer eu vou ser menina ou menino?”

O pai, distraído que estava, levou um tremendo susto e procurando ajuda com os outros passageiros conseguiu no máximo olhares de consolo e pontos de interrogação do tipo: “Como vai sair dessa?.”

Na realidade não fiquei para ouvir a resposta do pai, mas essa simples pergunta me deu muitos motivos para divagações e cuidadosas conclusões sobre a orientação sexual dos seres humanos.

Quando uma criança vê a possibilidade da dualidade sexual dentro do seu próprio corpo, precisamos discutir o assunto com muito respeito e cuidado e, por este motivo, falaremos hoje essencialmente sobre a diversidade de orientações e opiniões dos seres humanos.

DIVERSIDADE é a palavra do momento nos meios culturais deste País e é muito importante que haja respeito por qualquer tipo de diversidade, seja ela cultural, racial, de orientação sexual, de torcida de futebol, de informação ou qualquer outra diversidade que você esteja lembrando neste momento.

Algum leitor neste momento poderá estar pensando: -Olha, a autora é completamente louca, como ela coloca a diversidade de orientação sexual junto com a torcida de futebol? Mas nem percebe que também está junto a diversidade racial.

Todas as diversidades citadas acima geram preconceito e violência e é exatamente por isso que estão todas listadas em conjunto.

Hoje, para fins didáticos, falaremos apenas da Diversidade da Orientação Sexual.

Porque exatamente falar sobre esse assunto é importante?

É importante porque estamos, cada vez mais, percebendo que os direitos civis da população homossexual estão sendo legislados, ou seja, cada vez mais existem leis permitindo que os casais homoafetivos se equiparem aos casais heterossexuais e, ao mesmo tempo, proliferam pelo País leis que punem qualquer tipo de discriminação aos homossexuais.

A igualdade legal traz consigo várias conseqüências e, a meu ver, todas elas benéficas.

A partir do momento em que a legislação reconhece os direitos dos homossexuais e dos casais homoafetivos permite que eles finalmente possam ter uma vida saudável e estar entre toda a população.

Atualmente temos sentenças judiciais equiparando a Relação Estável Homoafetiva com a Relação Estável Heterossexual, temos também casais homoafetivos adotando crianças e recebendo pensão por morte do companheiro(a) do INSS. Portanto, cada vez mais a igualdade se faz presente.

É chegada a hora do ser humano se aceitar e aceitar os outros com todas as suas igualdades e diferenças.

É chegada a hora de deixarmos todos os preconceitos para trás e encararmos a humanidade em todo o seu esplendor diverso.

É chegada a hora de obedecermos a Constituição Federal deste Pais que deixa bem claro: "Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade..."

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